20 novembro 2011

Amigas e Amigos da Escola Guido Marlière


Recebi a primeira remessa de histórias de assombração e fiquei muito bem impressionado. Despertou-me a atenção, principalmente, a variedade dos enfoques
(situações) em que os vários tipos de assombração aparecem. Eu não tenho muito a acrescentar, não. Apenas confirmar, como vocês observaram, que os fantasmas surgem, quase sempre, do desconhecimento do fenômeno.
Eu me recordo que na casa de meu tio Sinhô Monteiro, tudo estralava: O assoalho de ripas longas e os antigos móveis de madeira pesada. E algumas vezes, de fato, os estalos davam lugar a gemidos. Ou seria apenas impressão? Enquanto eu procurava associar os ruídos com os móveis presentes, minha mãe grudava-se ao braço da cadeira de espaldar alto e, a caminho de casa, jurava que, mais de uma vez, mãos de veludo haviam tocado na sua canela e nos seus cabelos.
“O Fantasma Zumba” é uma história muito original. Nesse caso, o fantasma é alguém que quer apenas jogar bola. Provavelmente, um fantasma solitário, que sonhava ter companheiros para brincar. Por que então o medo? Provavelmente, resulta do medo que temos do desconhecido e que poderia ter fim com a aproximação entre as partes. O que vocês pensam disso? Agora, eu fiquei assustado mesmo, logo na primeira linha do texto. Quer dizer que para vocês o fantasma assustador tem a ver com o fato de ser preto, pretinho, pretão? Não acredito! Tem algo incorreto aí; me digam vocês mesmos o que é que está errado aí?
Em “Mistério” acontece aquilo que colocamos acima. A curiosidade é utilizada como forma de saber. Quando se sabe, se conhece melhor cada pessoa, cada objeto, e os receios desaparecem. Muito legal! O “Bambuzal” apresenta outra configuração. É uma típica história de mistério, que induz o leitor a desvendar o mistério, o que é muito motivador. E “A Mão no Guarda-roupa” mostra outra variedade de conto de assombração, onde o que parece fantasma não passa de uma interpretação equivocada de um fenômeno. Como a minha mãe na casa de meu tio.
A “Assombração Assombrada” é uma história clássica, em que a assombração fica um pouco gratuita. Acredito que a história ganharia pontos importantes se a aparição de Mariquinha servisse, por exemplo, para salvar o personagem Ricardo, naquele ambiente tenebroso. Ele vai dali até em casa agradecendo à mulher, que havia desaparecido após a intervenção e ao chegar ao lar topa com a novidade: fora salvo pela mulher que naquele momento já  havia morrido. “O Acampamento Sombrio” é outra variedade de conto, que resulta de um princípio moral, segundo o qual toda desobediência deve ser castigada.
No caso da “Fazenda mal Assombrada”, um bom achado,  as assombrações são inventadas para amedrontar as pessoas e fazer com que se afastem do local.  Muitos monstros e fantasmas foram criados  para afastar os curiosos do local de grandes jazidas de ouro e ou diamantes. No Assuruá, Bahia, fonte de muita riqueza no século XVIII, dizem que as riquezas ainda enormes do lugar são guardadas pela Mãe da Sucuriú, que poderia acabar com a população da cidade só com o seu bafo.
E por fim “O Homem do Dedo Torto”  , outra variante de caso de assombração, em que a experiência lógica não é sequer cogitada. O que equivale dizer: com assombração tudo é possível e Fim.
Parabéns a todos. Estou realmente empolgado com a incrível variedade de assombrações que vocês criaram. E estou certo de que ainda irão muito mais longe. Já estou ansioso pela leitura.

Beijos e Abraços a Todos
Galdino
     SP.20.11.2011

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