13 agosto 2009

Anna Claudia Ramos, nossa nova parceira de escrita

Nossa nova companheira de escrita e leitura é uma fofa. Recebi uma enxurrada de emails quando contei para os professores quem escreveria conosco este semestre. Anna Cláudia Ramos se apresenta a seguir contando um pouco de sua trajetória pessoal e profissional. Em breve teremos também os livros da Anna, para em seguida começarmos a escrever com ela. Meninos e Meninas, tenho certeza que gostarão da Anna como aconteceu com todos os escritores que já escreveram conosco.


Andrea Toledo





No site da Anna vocês podem encontrar esta biografia, assim como muitas outras coisas interessantes feitas por ela. Vão lá pra ver: http://www.annaclaudiaramos.com.br/


Sou carioca, mãe de dois filhos, o Elias e a Layla, e moro numa vila super simpática onde as crianças podem brincar e se divertir à vontade. Sou escritora, ilustradora e uma das coordenadoras do Atelier Vila das Artes.
Desde pequena eu tenho mania de inventar histórias. Passava horas brincando e inventando novos mundos pra morar e viajar. E foi assim, inventando e lendo histórias, que cresci descobrindo que a literatura é mágica demais. Por ela podemos viver outras vidas e podemos brincar de ser o que desejarmos. Podemos brincar de faz-de-conta que é real. Porque a brincadeira tem esse poder, né! Ela é real, no real da brincadeira, que é bem diferente do que conhecemos como realidade.
No artigo publicado no livro O que é qualidade em Literatura infantil e juvenil? Com a palavra o escritor, escrevi sobre esse assunto:
“Descobri muito cedo que a vida me faltava. Nunca estava satisfeita. Sempre queria um algo mais. Era como se uma vida só não me bastasse. Mas eu era criança, não entendia muito bem essa história de falta. Só sabia que existia uma coisa que me deixava mais feliz. A brincadeira. O jogo do faz-de-conta. O jogo da imaginação. E como eu adorava brincar e inventar que a vida podia ser diferente... Minha mãe chegava a dizer que não sabia onde cabia tanta imaginação numa menina só.
Claro que eu não sabia explicar essa sensação quando menina, mas sabia que se a vida não me desse qualquer coisa, eu podia inventar. Então, inventava fazenda com cavalos, montanhas, cachoeiras, casa com varanda grande, muitos primos brincando. Na vida de verdade eu não tinha nada disso, mas no faz-de-conta tinha. Passava horas brincando. Às vezes com meus amigos. Às vezes sozinha. Ficava quieta, com o pensamento longe, inventando um mundo novo pra morar. Não que eu não gostasse da minha vida. Não era isso. Mas eu não cabia só dentro daquela vida. Queria outras. Por isso, inventava mundos novos. Era só fazer assim: se a vida não me dava, a brincadeira me dava. Era como se a brincadeira suprisse minhas faltas e meus desejos de ter e ser diferente de tudo o que eu era. Até hoje não sei se era falta ou excesso de vida. Acho que as duas coisas ao mesmo tempo. Eu tinha excesso de vida dentro de mim, por isso mesmo acho que ela faltava, porque sempre queria mais. Queria conhecer coisas novas, lugares novos, pessoas diferentes”.
Acho que foi por isso que fiquei fascinada, quando aos 10 anos, li o livro A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga. Este livro marcou definitivamente a minha vida de leitora e escritora. A Bolsa Amarela tinha tudo o que eu acreditava, por isso me identifiquei totalmente com a história e com a personagem Raquel, apesar de minha família ser muito diferente. Ler A Bolsa Amarela, assim como ler vários outros livros de qualidade quando criança, foi como abrir horizontes em mim. Horizontes cheios de novas possibilidades e sonhos...
Mas acontece que eu cresci e não poderia ficar brincando tal como fazia quando criança. Então, um dia descobri uma coisa incrível: virar escritora foi a forma que encontrei de nunca parar de brincar. E hoje em dia vivo de escrever meus livros, de criar minhas histórias, onde posso brincar com meus pensamentos, meus sonhos, meus desejos, minhas faltas, minhas saudades, meus medos, minhas alegrias... Onde posso brincar com o tempo, dando forma às minhas idéias através da linguagem e da estética. Através da literatura: a arte de brincar com as palavras. A arte da narrativa, da palavra escrita.


Um pouco do meu trabalho


Já fiz muitas coisas e já inventei muitas histórias. Me formei em magistério e dei aula pra turmas da educação infantil. Fiz teatro amador. Depois me graduei em Letras (português - literatura) pela PUC/ RJ. Fiz mestrado na UFRJ em Ciência da Literatura. Trabalhei com minha querida amiga, que já se foi desta vida, Marina Quintanilha, na extinta OLAC e na Biblioteca Infantil Manoel Lino Costa.
Marina foi minha fada-madrinha junto com Luiz Raul Machado, que foi meu fado-padrinho (será que existe fado-padrinho?) Se não existe, eu acabei de inventar!). Com eles aprendi muitos segredos sobre crianças, arte de contar histórias e arte da escrita.
Também trabalhei na Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), primeiro editando o boletim informativo Notícias e depois no Centro de Documentação e Pesquisa. Já fui professora da Oficina de Criação de Histórias e Literatura pra crianças e jovens da Escolinha de Arte do Brasil. Fui coordenadora de sala de leitura escolar por mais de 10 anos e durante oito anos fui professora da oficina permanente Escrevendo pra crianças, da Estação das Letras. Mas desde 1989, trabalho com oficinas de criação literária. Botei o pé na estrada com os projetos Viagem da Leitura (FRM/ FNLIJ) e Leia Brasil (Petrobrás). Desde 1996 viajo pelo projeto de incentivo à leitura PROLER (Casa da Leitura/ FBN) dando palestras e oficinas sobre diversos temas ligados à literatura pra crianças e jovens. Enfim, viajo pelo Brasil afora dando cursos, palestras e oficinas sobre minha experiência com sala de leitura e como autora e especialista em literatura pra crianças e jovens.


Umas coisinhas a mais


Já fiz consultorias editoriais, suplementos literários, textos pra livros didáticos, textos de divulgação pra várias editoras e ilustrações pra alguns de meus livros. Aliás, foi a partir desta experiência como ilustradora que resolvi criar o Atelier Vila das Artes, que em 2005 ganhou um novo perfil, passando a prestar vários serviços editoriais. Não é à toa que o Atelier Vila das Artes é um lugar totalmente voltado para o trabalho com a Literatura.
Em 2005 terminei meu mestrado em Ciência da Literatura/ Poética, na UFRJ. Foi ótimo, porque tive a oportunidade de sistematizar todo o meu trabalho com oficinas de criação de textos. Minha dissertação de mestrado trata dos temas criança, artistas e processos criativos, e literatura infantil e juvenil.
Como não poderia de deixar de ser, abordei a criança e a recriação do real através de seu mundo de brincadeiras, mostrando como a criança que brinca constrói um outro mundo, um mundo imaginário, cheio de lógica e verdades. Mas também expus a questão dos processos criativos do escritor e seu trabalho com a estética. A partir dos pensamentos de Freud que, em seu artigo Escritores Criativos e Devaneios, disse que “O escritor criativo faz o mesmo que a criança que brinca. Cria um mundo novo de fantasia que ele leva muito a sério, isto é, no qual investe uma grande quantidade de emoção, enquanto mantém uma separação nítida entre o mesmo e a realidade”, estabeleci um paralelo entre a criança e o artista que cria, uma vez que este mantém em si o prazer que tinha quando criança ao brincar. Depois de fazer um estudo sobre a criança, o artista e seu trabalho com a estética, que na minha dissertação chamei de “estética do imaginário”, analisei o que vem a ser a literatura infantil e juvenil, defendendo a literatura infantil e juvenil como literatura e abordando as suas especificidades. E como parâmetro pra todas as questões levantadas sobre a literatura infantil e juvenil, a criança e o fazer literário analisei algumas obras de Ana Maria Machado. Pois como a própria Ana disse em seu livro Ilhas no tempo, algumas leituras: “ao ser lido, um livro deixa de ser apenas do autor que o escreveu e passa a ser também propriedade do leitor, é apropriado por quem o lê, começa a fazer parte do imaginário de outra pessoa, de sua memória, de sua bagagem cultural pessoal. Ao serem publicados (dados ao público) e lidos, os livros deixam de pertencer exclusivamente ao autor e são reapropriados pelos outros”. Sendo assim, me apropriei de algumas obras de Ana Maria e dialoguei com elas e com as crianças e jovens. O resultado vocês poderão ler no livro Nos bastidores do imaginário: criação e literatura infantil e juvenil, publicado pela Editora DCL em 2006. Confira o resultado na minha estante de livros!
Atualmente estou de presidente da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEI-LIJ, http://www.aeilij.org.br/), e sou uma das curadoras e a mediadora do programa Leitura em Debate: a Literatura Infantil e Juvenil, da Fundação Biblioteca Nacional, 1º programa de literatura infantil e juvenil da Biblioteca Nacional. .
Em 2005, foi homenageada com a Biblioteca Escolar Anna Claudia Ramos, pela Escola Municipal Prof. Sylvio de Castro Galindo, em Angra dos Reis-RJ. Em 2009, foi homenageada com a Sala de Leitura Anna Claudia Ramos, pelo CIEP Tancredo Neves, no Rio de Janeiro.


E pra terminar...


... pra mim, escrever foi a maneira que encontrei de nunca parar de brincar, de sonhar e de imaginar. Escrever é uma forma de transformar a vida. Sempre me lembro da criança e da adolescente que fui que é pra entrar em sintonia com meus sentimentos e falar do meu imaginário para o imaginário das crianças e dos jovens. Quero ser sempre cúmplice dos sentimentos das crianças e dos jovens. Quero falar da vida sem medo, quero falar de sentimentos sem disfarce. Quero brincar com o imaginário tal como um dia brincaram com o meu. E foi assim que decidi que nunca ia escrever nada forçado só para dizer alguma coisa, porque o que eu tenho para dizer a história conta por si só. Sempre quis escrever histórias com respeito pela criança e pelo imaginário. Histórias com alma, com vida. Quero pras minhas histórias o mesmo universo mágico das histórias que me encantaram quando menina. A mesma irreverência, os mesmos vazios pra eu poder preencher com as minhas vontades.
Bem, é isso aí o que eu tinha pra contar pra você. E se você quiser falar comigo, me mande um e-mail: anna@annaclaudiaramos.com.br Vou adorar receber!!!


Um beijo da Anna Claudia


Museu de Belas Artes



O Escrevendo com Escritor foi convidado para ser parceiro do Museu de Belas Artes, instituição que tem entre seus objetivos a promoção da arte e da cultura. Este fato se deu pelo projeto além de estimular a leitura e a escrita, também desenvolver trabalhos artísticos e o gosto por frequentar o teatro. É mais uma conquista que nossos pequenos escritores saberão aproveitar.
O Museu de Belas Artes recebe apoio do Instituto Francisca de Souza Peixoto e da Companhia Industrial Cataguases e patrocínio da Lei Rouanet.

Andrea Toledo

10 agosto 2009

Prêmio Microsoft Educadores Inovadores


Somos finalistas para o Prêmio Microsoft Educadores Inovadores. Concorremos em duas categorias: colaboração que será julgada por uma banca durante o evento e outra na categoria professor inovador que está sendo julgada por júri popular. Precisamos da colaboração dos nossos amigos. É só entrar no site http://www.educadoresinovadores.com.br/, encontrar o ESCREVENDO COM ESCRITOR e votar. Brigadão gente!!!!!!!!!!!!!!!!!