Recebi a primeira remessa de
histórias de assombração e fiquei muito bem impressionado. Despertou-me a
atenção, principalmente, a variedade dos enfoques
(situações) em que os vários tipos de
assombração aparecem. Eu não tenho muito a acrescentar, não. Apenas confirmar,
como vocês observaram, que os fantasmas surgem, quase sempre, do
desconhecimento do fenômeno.
Eu me recordo que na casa de meu tio
Sinhô Monteiro, tudo estralava: O assoalho de ripas longas e os antigos móveis
de madeira pesada. E algumas vezes, de fato, os estalos davam lugar a gemidos.
Ou seria apenas impressão? Enquanto eu procurava associar os ruídos com os
móveis presentes, minha mãe grudava-se ao braço da cadeira de espaldar alto e,
a caminho de casa, jurava que, mais de uma vez, mãos de veludo haviam tocado na
sua canela e nos seus cabelos.
“O Fantasma Zumba” é uma história
muito original. Nesse caso, o fantasma é alguém que quer apenas jogar bola.
Provavelmente, um fantasma solitário, que sonhava ter companheiros para
brincar. Por que então o medo? Provavelmente, resulta do medo que temos do
desconhecido e que poderia ter fim com a aproximação entre as partes. O que
vocês pensam disso? Agora, eu fiquei assustado mesmo, logo na primeira linha do
texto. Quer dizer que para vocês o fantasma assustador tem a ver com o fato de
ser preto, pretinho, pretão? Não acredito! Tem algo incorreto aí; me digam
vocês mesmos o que é que está errado aí?
Em “Mistério” acontece aquilo que
colocamos acima. A curiosidade é utilizada como forma de saber. Quando se sabe,
se conhece melhor cada pessoa, cada objeto, e os receios desaparecem. Muito
legal! O “Bambuzal” apresenta outra configuração. É uma típica história de
mistério, que induz o leitor a desvendar o mistério, o que é muito motivador. E
“A Mão no Guarda-roupa” mostra outra variedade de conto de assombração, onde o
que parece fantasma não passa de uma interpretação equivocada de um fenômeno.
Como a minha mãe na casa de meu tio.
A “Assombração Assombrada” é uma
história clássica, em que a assombração fica um pouco gratuita. Acredito que a
história ganharia pontos importantes se a aparição de Mariquinha servisse, por
exemplo, para salvar o personagem Ricardo, naquele ambiente tenebroso. Ele vai
dali até em casa agradecendo à mulher, que havia desaparecido após a
intervenção e ao chegar ao lar topa com a novidade: fora salvo pela mulher que
naquele momento já havia morrido. “O
Acampamento Sombrio” é outra variedade de conto, que resulta de um princípio
moral, segundo o qual toda desobediência deve ser castigada.
No caso da “Fazenda mal Assombrada”,
um bom achado, as assombrações são
inventadas para amedrontar as pessoas e fazer com que se afastem do local. Muitos monstros e fantasmas foram criados para afastar os curiosos do local de grandes
jazidas de ouro e ou diamantes. No Assuruá, Bahia, fonte de muita riqueza no
século XVIII, dizem que as riquezas ainda enormes do lugar são guardadas pela
Mãe da Sucuriú, que poderia acabar com a população da cidade só com o seu bafo.
E por fim “O Homem do Dedo Torto”
, outra variante de caso de assombração, em que a experiência lógica não
é sequer cogitada. O que equivale dizer: com assombração tudo é possível e Fim.
Parabéns a todos. Estou realmente empolgado com a incrível variedade de
assombrações que vocês criaram. E estou certo de que ainda irão muito mais
longe. Já estou ansioso pela leitura.
Beijos e Abraços a Todos
Galdino
SP.20.11.2011
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