Desafios de Escrita
Cláudio Martins
Estudei
Desenho Industrial e durante muitos anos trabalhei em projetos de Tecnologia,
Meio Ambiente, Cultura, além de rodar por jornais e revistas. Mas o mundo dos
adultos é muito sem graça, imaginação, sem fantasia. Um dia resolvi cair de
sola, de cara e coração na Literatura Infantil. Desenhei uma porção de
histórias, uma montoeira de personagens, tudo o mais alegre e divertido que
pude. Ganhei prêmios internacionais e nacionais, o que me divertiu mais ainda. Ser
criança é muito mais que um estado de espírito, é um estado de inteligência.
Desafio
aceito
Fabinho
é um homem que adora comer hambúrguer. Seu favorito é o maior do restaurante,
que nem sempre tem sua carne preparada com cuidado. Um dia, Fabinho pediu seu
sanduíche e nele havia duas lombrigas, que Fabinho nem ao menos percebeu.
As
duas lombrigas, que estavam felizes com seu novo e grande lar, começaram a
discutir, como sempre! Seus nomes eram Lana e Alana. Lana era uma lombriga
“boazinha”, que não gostava de passear pelas partes do corpo que continham
segredos. Já Alana era muito fofoqueira e gostava de se intrometer na vida de
seus hospedeiros.
Alana
se dirigiu diretamente ao cérebro de Fabinho. Lana tentou impedi-la:
-Alana!
O que você está fazendo? Não cansa de ser intrometida?
-Lana,
você não fica curiosa? Nem um pouquinho?
-Ah,
talvez um pouco…- Lana refletiu.
-Vamos,
então! - Alana disse, correndo para o cérebro.
Chegando
lá, as irmãs lombrigas desviaram do labirinto de neurônios e começaram a
escutar e enxergar tudo que Fabinho fazia e via. A seguir, elas encontraram
gavetas cheias de comandos. Alana, muito bagunceira, começou logo a mexer na
gaveta dos movimentos corporais, e encontrou o painel de controle da dança.
-Alana!
Ele está no meio da rua, vai passar vergonha!
-Que
legal!!!
Alana
então fez com que Fabinho rodopiasse por todo o quarteirão, gerando risadas.
Uma
voz começou a ser ouvida. Eram os pensamentos de Fabinho!
“O
que está acontecendo comigo?! Porque estou dançando? E porque todos na rua
estão me acompanhando? ”
Quando
Lana e Alana ouviram isso, perceberam que todos haviam parado para dançar. Lana
achou divertido:
-Poxa,
Alana! Você sabe mesmo como se divertir e fazer coisas engraçadas!
-Eu
te disse! Agora é a hora do lanche, vamos para o estômago!
-Ainda
bem! Estou com fome!
As
irmãs lombrigas dirigiram-se até o estômago, onde encontraram coisas
deliciosas: além do hambúrguer onde ambas moravam, havia linguiça, bala de
coco, toucinho, macarrão, pudim e joelho de porco. E ainda era hora do almoço!
Depois
de comerem todos os restos de lanche, Alana teve outra ideia muito espoleta:
-Vamos
para o coração! Lá é a parte mais divertida!
Lana
não achou uma boa ideia:
-Mas
Alana… tem certeza?
-Você
quer se divertir ou não? Deixe de ser careta!
Lana,
envergonhada, aceitou a ideia da irmã. As duas seguiram para o coração.
-Olhe,
Lana, ele está apaixonado por essa moça que trabalha na padaria! Ele está
entrando!
-Alana,
o coração está acelerando!
-Precisamos
fazer alguma coisa!
Alana
correu diretamente para um painel cheio de botões, onde havia um enorme botão
vermelho escrito “desapaixonar”. Alana, muito impulsiva, apertou o botão.
-Alana,
o que você fez? Ela está vindo para cá e o coração não está mais acelerado!
-Eu
fiz ele desapaixonar. Problema resolvido! - Alana disse, orgulhosa de seu
feito.
-Mas
ela está se declarando para ele, Alana! Ele vai magoar os sentimentos dela se
não demonstrar seu amor!
-Mas
estamos nos divertindo!
-Isso
já foi longe demais, Alana! Você já passou dos limites!
-Você
é chata, Lana!
As
duas irmãs começaram a discutir perto do painel de controle. No meio da
discussão, as duas empurraram sem querer uma grande alavanca!
-Olha
o que você fez, Lana!
-Eu
não! Você que fez, Alana!
-Que
alavanca é essa?
As
duas leram o que estava escrito na alavanca: “DECLARAÇÃO”!
-Olhe,
Lana… ele está se declarando para ela!
-E
ela está feliz!
As
duas irmãs se enroscaram em um carinhoso abraço de lombriga, o único jeito de
resolver uma briga de lombriga!
Alana
pediu desculpas para a irmã:
-Você
estava certa, Lana! Precisamos deixar esse moço fazer suas escolhas sozinho!
Vamos embora.
-Como,
Alana?
-Pelo
intestino, é claro! Será como um grande escorrega!
As
duas saíram juntas e felizes de sua aventura, prometendo nunca mais interferir
na vida de nenhum outro humano ou animal.
Por
enquanto…
FIM
Beatriz
Mello, Marcella Schmidt e Maria Vitória Mariz
O que o Cláudio achou...
Muito bem meninas!
Eu só queria saber qual foi o cabeça de
minhoca, mente doentia, que fez essa proposta de lombrigas para moças tão
jovens, alegres e bonitas!
Mas desenvolveram a ideia muito bem,
ficou super legal, fiquei satisfeito!
Abraços para todas e também para a
Andrea, com agradecimentos!
Cláudio
Lalau
Quem
conhece os livros de Lalau, todos ilustrados pela sua fiel parceira
Laurabeatriz, deve pensar que sempre teve preocupação enorme com a natureza.
Afinal, boa parte dos seus livros fala de bichos, e muitos são ecologicamente
corretos. Mas para a surpresa do leitor, Lalau também já gostou de ler sobre
grandes caçadas. Pesquise e conheça mais sua história.
Desafio aceito
Querido Lalau, obrigada pelo
desafio e queremos dizer que topamos!!!
Criamos uma historinha a
partir das palavras que nos deu e selecionamos uma imagem que conversasse com o
contexto. Esperamos que goste!
Casa
de vó
Num
sábado de alegria
Recebi
um convite intrigante
Melhor
que bala de coco
Melhor
que balão gigante
Veio
da casa da vovó
Que
fica além do horizonte
Onde o
ar é rarefeito
E as
feridas se saram com beijo
Na
vovó não existem sombras que possam me assustar
Porque
depois da torta de frango
Muito
carinho ela tem pra dar
Quando
eu lá estou, eu brinco muito
Vivo a
vida intensamente
Até
porque alegria de vó é ver o neto contente
Até um
bichinho eu tenho
É o
réptil Miguelito
Lá na
casa da vovó ele é um dos meus amigos
Mas
agora me despeço
Vou
embora com esperança
Vou
pra casa da vovó
Lugar
pra se passar a infância
Catarina Mattos, Maria Mônica
e Natália Falcão
Quando
na infância, ainda criança
Na
sombra da lembrança um dia me vem,
Um sábado
de tarde e o convite
Que
agrade com alegria do bem.
Todas
as manhãs
Pelo
horizonte com um cheiro que tem
Vem lá
da cozinha
A
torta de frango que fez a vizinha
Com
amor para o tio Ben
Um
réptil à sombra
Sente
o vento rarefeito
Que
bate na árvore do quintal
E
todas as manhãs
É intensamente
gostoso
Acordar
sentindo a lembrança
Do despertar
matinal.
Brenda Samary
Marco Andrade
Sou
escritor, contador de histórias, diretor de cinema, autor de teatro, ator,
roteirista e palhaço. Sou essas coisas todas juntas e mais um monte de outras
coisas que eu ainda estou descobrindo. Mas o que eu mais gosto de ser é ser eu
mesmo e isso tudo junto. Sou mineiro de Cataguases.
Desafio aceito
Querido, Marco Andrade!
Demos asas a nossa imaginação
e escrevemos, criamos, desenhamos, um novo final para o príncipe pássaro. Assim
que entendemos a relação da transmídia com a leitura.
Jully Ana Aguiar, Milena
Guimarães, Martha Marques e Danielle Ferreira
O que o Marquinho achou...
Alvaro Ottoni
Como
escritor já publiquei 29 livros para crianças e jovens. Esse negócio de
inventar história começou na minha infância no Rio de Janeiro. " A Árvore
Que Fugiu do Quintal" foi meu primeiro livro e a partir daí não parei mais
de escrever, e hoje, são 33 anos como escritor. Moro em Nova Friburgo.
Desafio
aceito
Em
um tempo tão antigo que poderia ser agora, em um lugar tão distante que poderia
ser aqui, vivia uma menina que gostava de combinar palavras.
Guilhermina
passou a gostar de rima por causa do seu sobrenome Lima. Ela morava na rua de
cima, perto de sua prima Marina, ao lado do pé de tangerina.
Nas
férias brincava de lata, na mata da vizinha velhinha, que tinha a netinha
chamada Ritinha. No quintal da velhinha tinha um varal com roupa lavada na água
de sal.
E
agora Guilhermina que as férias acabaram, o que te restou? Memórias do tempo
que passou? Ou pensar numa nova aventura? Que tal brincar com o peixinho Julião
fazendo rimas de montão?
...
Deise Lucy, Fabiana , Guilherme e Júlia.
Mary e Eliardo França
Somos
de Juiz de Fora, MG. Eu Mary, escrevo e o Eliardo ilustra. Foi com os meus textos
e os desenhos de Eliardo que nos tornamos conhecidos e pudemos ajudar a
alfabetizar muitas gerações de leitores mirins. Somos parceiros na literatura e
no amor, nos casamos, construímos uma família e tivemos quatro filhos.
Silvio Costta
Sou escritor,
poeta, músico e maluco. Tenho 20 livros publicados repletos de palavras,
histórias e alegrias. Todo dia vivo uma história, crio maluquices e brinco com
a memória. Gosto muito do lugar onde moro: São Paulo
Desafio
aceito
O
tempo é o momento.
O
sentimento é do momento.
O
sentimento é o que está no pensamento.
A
todo momento temos o tempo no pensamento.
Que
pode gerar consequências no sentimento.
Uns
brincam de escrever, para outros escrever pode ser um desafio.
O
escritor é nosso desafiador.
Silvio
Costta gosta de aposta, por isso nos desafia a fazer uma bela escrita.
E
esta já está posta.
Cristiane
Patinho, Welligton, Ingrid Marinho.
Anna Cláudia Ramos
Sou carioca, escritora e ilustradora muito de
vez em quando. Sou formada em Letras, pela PUC-Rio, e mestre em Ciência da
Literatura, pela UFRJ. Sou sócia diretora do Atelier Vila das Artes. Viajo
mundo afora dando palestras e oficinas sobre minha experiência com leitura e
como escritora e especialista em literatura infantil e juvenil. Tenho sido
convidada para participar das principais Feiras de Livro do Brasil e do
Exterior, como a Feria del Libro de Guadalajara, Frankfurt Book Fair e Fieradel
Libro di Bologna.
Desafio
aceito
No meio do caminho tem uma
porta
Era
uma vez cinco meninas. Seus nomes eram Alice, Victória, Tamara, Tarsila e
Gabriela. Elas moravam pertinho de Brasília. Nunca haviam conhecido o mar, a
praia, ou qualquer realidade diferente. Um dia, enquanto brincavam de pular
corda na praça perto de suas casas, surge uma porta de madeira bem no meio do
terreno. As meninas se assustaram, e não conseguiam entender de onde aquela
porta veio. A porta estava em pé, imóvel. Não tinha nada na frente dela, ou
atrás.
Victória
era a mais corajosa. Foi a primeira a largar a corda e correr em direção à
porta misteriosa. Hesitou um pouco, e olhou para suas amigas, que ainda
pareciam muito assustadas.
-
Venham! – disse Victória – Não estão curiosas para saber mais sobre essa porta?
-
Eu não. – Gabriela disse, logo se escondendo atrás de Alice.
Alice,
no entanto, apoiava a ideia de Victória. Estava mais curiosa que amedrontada.
Tratou de empurrar tanto Gabriela como Tamara e Tarsila para mais perto da
porta.
Antes
de abrir, todas se inclinaram e colaram seus ouvidos na madeira fria da porta
para ver se escutavam alguma coisa. Não houve surpresa maior que a das meninas
ao escutar o suave barulho de ondas se quebrando!
-
Meu deus! – Tamara exclamou – Será que isso são mesmo ondas?
- Tá maluca, Tamara? Estamos muito longe do
mar. É impossível. – Logo se prontificou Tarsila.
Victória
sentiu um friozinho na barriga e balançou a cabeça. Tinha certeza de que algo
mágico viria para ela e suas amigas, bastava apenas abrir a porta. Estendeu sua
mão na direção da maçaneta e a virou.
Os
olhos das cinco meninas se arregalaram no momento em que a porta se abriu. Seus
rostos foram iluminados pelo brilho azulado do mar!
-
Eu disse! - Victoria riu.
-
Inacreditável, será que estamos sonhando? Questiona Alice, deslumbrada com o
azul diante dos seus olhos.
-
Claro que não sua boba, vamos todas nos molhar na água salgada desse misterioso
mar? - Propõe Victória.
-
Mas e se todas atravessarmos a porta e ela se fechar? O que faremos? - Responde
Gabriela, indecisa.
-
Ocorrerá tudo bem menina! Vamos nos divertir! – Anima-se Tarsila.
Nesse
momento o som das ondas parece aumentar, assim como seus corações aceleram ao
escutarem!
-
Ah meninas, vamos logo, o mar está nos chamando! -Exclama Victória.
-
Tudo bem, mas o que acham de irmos duas à duas? - Sugere Gabriela, receosa de a
porta fechar.
-
Combinado! Quem irá primeiro? - Quer saber Alice.
-
Eu vou com Victória, e se tudo correr bem e esse mar for mesmo tudo isso de
lindo, chamamos vocês e aí vêm sem medo. - Decide Tamara.
Todas
concordam. Tamara e Victória atravessam a porta confiantes e Gabriela, Alice e
Tarsila aguardam o chamado para irem ao encontro. Não demora muito, Victória
volta correndo dizendo que as ondas quebram calmamente e a água é agradável
demais para nadar e mergulhar.
-
Meninas! Não há o que temer, é tudo tão lindo! Venham, agora é a hora! Tamara
já está na água! - Victória exclama, a felicidade transbordando de cada
palavra.
Todas vão ao encontro de Tamara, que, por sinal, já estava completamente molhada, pulando as pequenas ondas que quebravam na areia.
Quando
todas chegaram à beira do mar, ficaram encantadas com a beleza da praia, pois
era algo que nenhuma tinha visto pessoalmente. Foi neste momento que Victoria
viu lá no fundo, em cima de uma pedra, algo diferente que lhe chamou a atenção.
Ela já havia lido que sereias não existiam, mas ao ver aquilo, ficou na dúvida
sobre o que havia lido.
-
Você acredita em sereias? – Victoria pergunta à Gabriela.
-
Claro que não, Vic. Acho que você pegou muito sol na cabeça – Gabriela
responde.
Mas,
de repente, as cinco meninas ouvem uma doce voz cantarolar...
-
É UMA SEREIA!!!!! – Victoria exclama – EU SABIA QUE ELAS EXISTIAM, SABIA!
-
Não é possível! – Disse Tamara – Isso só pode ser um sonho!
O
pontinho distante some para aparecer bem à frente das cinco meninas uma linda
sereia, exatamente como nas histórias. Sua longa cauda verde, cabelos longos,
brilhosos, e seus olhos com uma expressão indecifrável. Ela nadava bem perto
das meninas.
-
Não é um sonho, meninas! - A sereia falou. - Isso tudo é real e fico admirada
por vocês conseguirem ver essa porta. Ela está ali há muitos anos e ninguém
passava por ela.
- Há muitos anos? Como assim? – Perguntou
Tarsila.
-
Acontece que essa porta sempre esteve ali, porém nem todo mundo consegue
enxergá-la. Ou passam rápido demais, ou preocupados com outras coisas, não têm
tempo de olhar ao redor – Explicou a sereia.
-
Vocês são especiais, meninas. Essa porta as levou para uma realidade que não
conheciam, e agora podem experimentar, se divertir, fazer o que quiserem.
E
assim se passou o dia. As cinco amigas brincaram com a sereia até não
aguentarem mais, nadando e aprendendo com as palavras sábias daquele ser
marinho. Quando a noite chegou, tiveram que partir. Contaram tudo para seus
conhecidos, como a sereia havia pedido, e assim as meninas abriram os olhos e a
mente de todos os habitantes da pequena cidade em que viviam.
O que a Anna Claudia achou... (Depoimento no Facebook)
Que
alegria voltar à PUC! Desta vez não mais como aluna, mas como escritora
convidada para falar para o pessoal da pedagogia, alunos da professora Rosália
Duarte. Na verdade, minha querida amiga Andrea Toledo está
fazendo doutorado na PUC e desenvolvendo um trabalho com a turma da graduação
da Pedagogia. Ela fez uma Edição Especial do Escrevendo com o Escritor para
mostrar atividades que usem as mídias e as tecnologia para o estímulo à leitura
e à escrita. Fui para participar desta edição especial e para contar sobre todo
o trabalho de transmídia que durante quatro anos desenvolvi com a Editora
Galpãozinho. Foi uma tarde especial!
Um comentário:
Essa atividade, do Escrevendo com o Escritor, para os alunos da Puc-Rio foi um grande presente. Eu, em particular, me diverti como uma criança, além de deixar a criatividade trabalhar com alegria. Sem contar que todos nós mandamos muito bem!! Sucesso e vida longa ao belíssimo projeto que tive a honra e o prazer de participar, Obrigada!
Postar um comentário